Aparelho que usa smartphone para exame de retina é desenvolvido por ex-alunos da USP

Ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um protótipo que permite a realização de exames oculares de maneira prática, barata e fazendo a utilização de um smartphone. O equipamento ainda não foi testado em humanos, mas a expectativa dos pesquisadores é que ele seja comercializado no primeiro semestre de 2018.

 

Smart Retinal Camera (SRC), é uma versão portátil do retinógrafo, aparelho utilizado para observar e registrar fotos da retina. Examinando essas imagens, os médicos conseguem descobrir problemas que podem comprometer a visão futuramente.

 

Segundo os pesquisadores, as imagens obtidas pelo SRC têm qualidade tão boa quanto a dos equipamentos tradicionais. Acoplado a um aparelho celular, ele tem um sistema específico de iluminação que consegue colocar uma luz no fundo do olho do paciente para obter a imagem e, por meio da própria câmera do smartphone, é possível capturar imagens da retina, ajudando o médico no diagnóstico.

 

“Como a gente está usando o smartphone, é possível encaminhar essas imagens para a nuvem na internet e o médico conseguiria, nesse caso, dar um diagnóstico remoto. O especialista pode atuar na sua clínica, por exemplo, na capital, e o operador pode trabalhar em campo coletando essas imagens para diagnóstico”, explicou o engenheiro de computação José Augusto Stuchi, um dos autores do projeto.

 

Diagnóstico precoce

Para Paulo Schor, professor chefe do Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina, o ponto forte do protótipo é ajudar no diagnóstico precoce. “Eles tiveram uma ideia excelente em termos de iluminação para dentro do olho, o que faz com que seja possível aproveitar o máximo a sensibilidade dessas câmeras. Então a imagem é tão boa que é possível fazer o diagnóstico, não só a triagem, dá para falar o que o paciente tem”, afirmou.

 

Os pesquisadores demonstraram a capacidade do protótipo em um olho didático, usado em aulas de anatomia. Na câmera do celular aparece todo o fundo do olho em detalhes e com definição. Dá pra tirar fotos de partes e depois unir cada uma é formar uma imagem panorâmica. Para desenvolver o SRC, eles fundaram uma startup e contaram com o financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

 

Combate a doenças

O retinógrafo portátil pode ajudar a corrigir uma deficiência que hoje existe no Brasil. No país, são 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual e 85% das cidades não têm especialistas,  segundo o Conselho Brasileiro  de Oftalmologia.

 

Para Stuchi, diagnosticar desde cedo uma doença possibilita que se previna e trate o paciente para que ele não fique cego. “Por ano, 500 mil crianças perdem a visão no mundo e 80% de todos os casos de cegueira do planeta são evitáveis”, afirmou o pesquisador.

Segundo ele, fomentar a maior distribuição de retinógrafos pelo Brasil contribuiria não somente para a realização de mais exames, mas também para estudos específicos sobre as doenças e a melhor forma de combatê-las.

 

Fonte: G1